segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nem sempre é amor à 1º vista...


E ontem a minha bebecas fez seu 8º mesaniversário, celebrando num domingo tal qual quando nasceu. Por vezes dou-me a olhar para ela e a pensar em como está crescida e em como, cada dia que passa, descubro mais sobre a sua personalidade e gostos, fazendo com que me sinta mais próxima dela. Mas nem sempre foi assim. E é sobre isso que queria falar-vos hoje: o que sentimos quando somos mães.

Sinto que a maioria das pessoas descreve a maternidade como sendo algo maravilhoso – e é – e contam que o momento em que os filhos nasceram foi o mais precioso momento de todos. Porém, acho que para um outro grupo de mães – e creio que são em numero maior do que aquilo que ouvimos – este amor todo não ocorre de um momento para o outro. A magia simplesmente não acontece. E ficamos a espera e a espera…e olhamos e olhamos e…nada. E muitas vezes o que pensamos ao olhar para o bebé é “mas quem é esta pessoa estranha?”. 


Vou contar-vos como foi comigo, pois acredito que ao partilharmos estas experiências podemos ajudar alguém que possa estar na mesma situação pela qual já passamos e sente-se culpada pois tudo o que escutara não se concretizou. 

Como mencionei acima, a minha filha nasceu num domingo de São João. Já andava com algumas contrações alguns dias antes, mas nada que me alarmasse. De fato estava muito tranquila: a minha gravidez foi ótima, não tive quase sintomas nenhuns, não engordei quase nada, não tinha estrias, não inchei, não me sentia muito cansada, fiz uma barriga pequena que me permitiu dormir bem ate as 40 semanas, enfim… 5 estrelas! Muito embora a nível emocional tenha passado por muita coisa enquanto estava gravida (foi uma gravidez não planeada, mas bem recebida por mim, porém tive de mudar TUDO na minha vida, desde mudar de casa, casar, mudar os planos futuros, etc), fisicamente estava ótima (mesmo a fazer tratamento para o hipertiroidismo, coisa que já tinha antes de engravidar).

Devido a todo este bem estar físico estava confiante que o parto correria as mil maravilhas. De fato  o meu parto não foi mau, simplesmente não foi como desejava. Ansiava por um parto tranquilo, sem maquinas a apitar, sem soros,  sem estar presa a uma cama mas, por falta de opção (tive a princesa no hospital publico) de repente vi-me induzida (mesmo já tendo contrações, aparentemente com a desculpa das mesmas não abrandarem) e encontrei-me com dores que duravam e duravam e não me deixavam ganhar fôlego para a próxima. Caso para dizer que 15 minutos após o inicio da indução com oxitocina virei-me para a enfermeira e disse que ia querer a epidural (antes ainda estava com duvidas). A minha sorte foi que já tinha a dilatação necessária para isso e a anestesista estava disponível. Olhem, eu sinceramente nem sei como a anestesista conseguiu dar-me a epidural, acho que aquela mulher tinha poderes sobrenaturais ou realmente um dom incrível, porque eu tremia tanto (não de dor mas de nervosismo ) que se ela falhasse o ponto correto não a iria culpar. O processo não demorou muito, e ao contrario do que eu supunha, também não magoou. Em breve la estava eu, sem dores, deitada a descansar. Mas presa na cama cheia de fios…ai os fios! Não sei bem descrever o como odeio estar cheia de agulhas e fios presos a mim…e tenho na memoria que o cateter doeu mais que o parto em si, possas! 

Tinha chegado as 8h no hospital, 11h oxitocina, 12h epidural, 16h vontade de fazer força. E fiz e fiz e fiz…e ela desceu mas estagnou em alguma parte. E a mim só me apetecia colocar-me de cócoras, mas nem me pude colocar mais pra frente sequer "devido a epidural”. De repente o ambiente que estava até tranquilo (só eu, a enfermeira e o meu marido) virou uma total confusão de gente a entrar e a sair. Eu honestamente só me lembro de flashes de tão confusa que fiquei. Ouvi algo como “o bebé não desce mais, vai ter de ser ajudado com ventosa”. Bem, já fiquei branca…mas o pior é que continuaram “o marido tem que sair”. O quê???? Então no momento em que mais preciso dele simplesmente tiram-mo do quarto??? Eu fiquei tao possessa que honestamente nem me lembro bem da minha filha a nascer. Foi o marido a sair e ela nasceu…ou algo assim. Ok, lembro-me do momento antes que senti uma dor cortante la em baixo e, feito estupida, ainda bradei “ei estão ma cortar” (como se tivesse a fazer queixinhas do medico a enfermeira); caso pra dizer que não é propriamente um momento da minha vida em que me orgulhe :p .  Bem, ela nasceu  as 17h05 e colocaram-ma em cima de mim, de pes voltados pra mim porque aparentemente o cordão umbilical era curto. E eu toquei-lhe nos pés, e até foi um momento especial.


E depois quando a trouxeram na mantinha fiquei com ela por longos minutos – até um outro médico fazer o seu trabalho de costura nas zonas baixas (alias, um verdadeiro “bordado da Madeira” porque só pelo tempo que ali fiquei deve ter levado muitos pontos e pontinhos) – até ser levada para vestir a roupinha e novamente ser trazida para mim, desta vez para o meu seio (que pegou como se fosse uma bebé grande!). E eu só pensava “onde raios está o meu marido?”. È uma das coisas que mais lamento: deixei de apreciar estes primeiros momentos de vida dela porque estava a pensar em todo o resto. Sentia-me incompleta, não era o cenário que tinha sonhado. E assim continuei por uns bons meses. Sim, é claro que amava a minha filha, mas devido ao fato de ela também chorar muito (cólicas, lutas contra o sono, etc), dei comigo a querer fugir de tudo. Nos primeiros 3 meses de vida dela só pensava que queria descansar…queria isolar-me num quarto sozinha, na penumbra, e por la ficar em silencio por tempo indeterminado. Silencio, era tudo o que eu desejava.

Passei por varias crise de nervoso, gritei com muita gente (incluindo com a bebé, como se ela fosse a causa dos meus problemas) e chorei muito…chorei de cansaço, de tristeza, por achar que não estava a ser uma boa mae, por achar que estava a sobrecarregar todos a minha volta, chorei de culpa por não ter a paciencia necessária. Resumindo a historia (os detalhes ficam para outra altura), só comecei a sentir que estava “apaixonada” pela minha filha quando ela completou 4 meses. Até lá ela era alguém que eu queria proteger mas uma pessoa que eu não conhecia. Não sabia quem ela era. Do que gostava? Porque chorava? Agora olho para ela a brincar aqui ao meu lado, feliz a agitar um livro barulhento e a rir-se quando a chamamos e sinto o meu coração a aquecer-se com cada traço de seu pequeno rosto rechonchudo. Mas como disse no inicio, nem sempre foi assim.

É por isso que digo futuras mães ou mamãs a pouco tempo, nem sempre as coisas são o que desejamos. As vezes precisamos de tempo para absorver o que acontece a nossa volta, para conhecer o nosso bebé, para começar realmente a aprecisar a sua presença. Não somos piores mães por termos um inicio conturbado, isso só nos faz humanas e, verdade seja dita, as hormonas nestas alturas em nada ajudam. E, por experiencia própria, mesmo com apoio a nossa volta podemos sentir que o chao desaparece dos nossos pés e a culpa por não conseguirmos lidar com tudo isso, e a sensação que estamos a ser um estorvo para outros, pode deitar-nos ainda mais a baixo.


A quem está a passar por isso eu só posso dizer: SHAKE IT OUT! Em outras palavras, agitem-se, mexam esses rabixoles lindos e saiam do buraco. Escrevam um diário, leiam um livro (descobri um pouco tarde que um dos momentos mais relaxantes que poderia ter ao longo do dia era enquanto a baby mamava e eu lia um livro), dêm um passeio sozinhas (ou mesmo com o bebé), aderiam a um novo corte de cabelo, não descuidem da aparência…aos poucos o bebé cresce, o período das cólicas passa, eles conquistam “novos territórios” e novos desafios aparacem…mas é isso mesmo, ser mae é viver de desafios e temos duas opções: ou encaramos isso como uma boa aventura ou desmotivamos com os obstáculos.  Não sei quanto a vós, mas acho a 1ºopçao a melhor. É claro que haverá períodos mais difíceis e é normal as vezes irmo-nos abaixo, mas o relogio não para e eles crescem e crescem e depois creio que sentiremos falta desres dias “agitados”.

5 comentários:

  1. Adorei a maneira simples como expuseste um assunto tão sensível :)


    Concordo quando dizes que por vezes a magia não acontece com esse "bam!" que tanto apregoam. Eu senti essa magia quando olhei para ele assim que o tiraram de mim e disseram "é um menino", mas foi algo que passou logo. Depois chegaram as dúvidas: será que sei tratar? Porque não consigo amamentar? Porque não distingo os tipos de choro? Será que sou boa mãe? Porque me põem em causa? E tantas tantas outras dúvidas...

    Acho que o meu trabalho foi facilitado, comparado com o teu, pois o meu é um anjo... mas no entanto, também sinto que ainda não o conheço :)

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  2. Obrigada :)
    Pois é...ainda por cima é uma fase em que costumamos estar fisicamente mt cansadas - e muitas vezes doridas - mais a pressão psicológica e emocional...é normal passarmos por momentos (ou vários deles) de certa depressão e vontade, talvez, de retomar ao que era antes sem tantas responsabilidades.

    A minha filhota deu trabalho pq sofria mt de colicas e como é mt curiosa, queria olhar pra tudo ao invés de dormir, mas claro, nao aguentava tar sempre acordada. Felizmente melhorou - no caso do sono mt a minha persistência de ensina-la a dormir sem andar sempre ao colo de um lado pro outro - e agora posso dizer que é uma bebé tranquila, mt embora eu note que tenha uma personalidade vincada...creio que será uma teimosa a tender para a manipulação lol mas prontos, se formos acreditar no q os signos dizem, ta la isso tudo haha

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  3. ah Rita, vi o teu blogue a secretaria da rita...gostei mt!

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  4. :) Como a ensinaste a dormir? Pergunto por curiosidade. Eu, como já disse, tive muita sorte e o PJ sempre dormiu muito bem, na caminha dele, sempre sem problemas. Mas já ouvi muitas mães falarem em "ensinar a dormir"... e já que tu o fizeste, como o fizeste? Dormir é algo que parece tão natural, como se ensina nesse sentido?

    Obrigada pela visita! O meu blog já tem uns quantos anitos, mas não tem muito sucesso :p só o mantenho olha... por teimosia!

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  5. Olha Rita, nem por menos, fiz um post sobre isso...mas o mais engraçado que so agora vi a tua pergunta! Le o meu texto sobre "como dorme o meu bebé" e la explico :)

    o ensinar a dormir acho que é mais no sentido de habituar um bebé a adormecer de uma forma que seja bem pra nós e pra eles... a minha no colo distrai-se por tudo e por nada,lutava contra o sono, e eu ficava exausta (e ela tb!!). entao comecei a habitua-la a adormecer na cama ao meu lado,na semi escuridao, sem mama, sem embalar, so comigo a tocar-lhe no rosto ou nas maozinhas, a xuxa na boca e uma musiquinha. acho que no meu texto explico melhor.

    quanto aos blogues...

    acho que os blogues fazemos primeiro para nós mesmas e so depois pros outros, será q nao? entao se gostas continua...de uma forma ou de outra ha sempre alguem a ler, msm que nao comente ;)

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